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sexta-feira, 26 de março de 2021

Guiné 61/74 - P22041: In Memoriam (389): Ilídio Sebastião Vaz (1945/2021), ex-fur mil enf, CCaç 14 (Bolama e Cuntima, 1969/1971): morreu em Havana, Cuba, em sequência da Covid-19 (Eduardo Estrela)



Convívio do pessoal da CCAÇ 14 >s/l > s/d> À direita está o Ilídio Vaz (Zé Vaz ) e á esquerda o Vítor Dores.

Foto (e legenda): © EduardoEstrela  (2021). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem do Eduardo Estrela (ex-Fur Mil da CCAÇ 14, Cuntima, 1969/71)

Data . sexta feira, 26 de março de 2021, 15h23

Assunto . Em memória do Zé Vaz

Boa, tarde Luís!

Mais um camarada que nos deixa privados da sua presença física. Em Cuba, onde ia com alguma frequência, faleceu o companheiro Ilídio Sebastião Vaz (1945/2021). Foi Fur Mil Enf da C.Caç 14 (1969/1971). 

Deixa-nos um enorme vazio pois em cada um dos que com ele privaram nas agruras da Guiné, cimentou laços fraternos de solidariedade. Na zona operacional onde estávamos instalados, sempre esteve disponível para alinhar em toda a actividade militar, sendo mais um dos enfermeiros da Companhia, de modo a que o pessoal que comandava ficasse um pouco mais aliviado. 

Para poder viajar fez um teste á Covid que deu negativo, mas outro feito na chegada a Havana deu positivo, foi hospitalizado e permaneceu perto de mês e meio numa unidade de saúde. Quatro dias após a alta hospitalar não resistiu a uma paragem cardiorrespiratoria.

Um grupo de camaradas, encabeçado pelo António Bartolomeu, ainda se disponibilizou para repatriar o corpo para Portugal, mas a verba que inicialmente foi pedida depressa subiu para quase o dobro e a iniciativa ficou votada ao insucesso.

Fica na nossa memória e nos nossos corações. A sua verdadeira família éramos nós. Que descanse em Paz.

Anexo foto dum dos nossos convívios, onde á direita está o Ilídio Vaz ( Zé Vaz ) e á esquerda o Vítor Dores.

Se achares por bem, publica no blog.
Grande abraço, 
Eduardo Estrela

2. Comentário do LG:

Eduardo, o Zé Vaz tinha que ser um bom homem e um bom camarada para tu evocares,de maneira tão sensível e generosa a sua memória.  



O Ilídio Sebastião Vaz em 2019.
Fotograma de vídeo do Museu do Aljube.
Com a devida vénia

Apurámos que o teu/nosso camarada era
 natural de Lisboa e vivia em Almada. Tinha página no Facebook, que utilizava pouco, a última "postagem" datava de 13 de novembro de 2019. Via-se que tinha "vários amigos do Facebook", originários de Cuba. 

Ainda em 2019 dera uma longa entrevista ao Museu do Aljube e Resistência e Lisberdade, de que foi publicado um pequeno excerto (3' 20'') no You Tube, disponível aqui.  A versão completa  deve estar disponível no Centro de Documentação do Museu do Aljube.

[Sinopse: Ilídio Sebastião Vaz deixou-nos o seu testemunho repleto de memórias, de familiares e as suas próprias, desde as referentes aos “amigos” que ele sabia serem da PIDE e dos negócios destes com a prostituição, ao terror do franquismo, até à sua experiência como enfermeiro na guerra colonial, na Guiné, sem qualquer tipo de formação.]

Um abraço para ti, o António Bartolomeu e demais camaradas da CCAÇ 2592 / CCAÇ 14:  partimos ttodos juntos para a Guiné no mesmo navio, o T/T Niassa, em 24 de maio de 1969. Infelizmente não me lembro Zé Vaz, já que ele foi para o CIM Bolama e nós (CCAÇ  2590/ CCAÇ 12) para o CIM Contuboel, mais o António Bartolomeu que ali formou um pelotão mandinga.
___________

Nota do editor:

terça-feira, 5 de abril de 2016

Guiné 63/74 - P15940: Memória dos lugares (338): Cuntima, no meu tempo (ex-1º cabo Vitor Silva, CART 3331, "Os Tigres de Cuntima", 1970/72) - Parte I


Guiné > Região do Oio > Setor de Farim > Cuntima > CART 3331 (1970/72) >"Um dos três obuses [14 cm] que existiam em Cuntima". [Um dos artilheiros que por lá passou foi o Humberto Nunes, ex-alf mil art, 23.º Pel Art, Gadamael e Cuntima, 1972/74; ver aqui o seu álbum de Cuntima]



Guiné > Região do Oio > Setor de Farim > Cuntima > CART 3331 (1970/72) >"Vista panorâmica de Cuntima. Uma povoação com gentes de várias origens (não faltavam os comerciantes libaneses e os gilas)". [Outro camarada nosso que esteve em Cuntima foi o ex-fur mil António Bartolomeu, da CCAÇ  2592 / CCAÇ 14, Cobtuboel, Aldeia Fomosa e Cuntima, 1969/71; diz ele, "em Cuntima éramos um misto de guarda-fiscal e de polícia de fronteiras... Por ali passava um dos corredores do Oio"; a CCAÇ 14 foi rendida pela CART 3331].


Guiné > Região do Oio > Setor de Farim >  Cuntima > CART 3331 (1970/72) > "Posto avançado nº 9. Estive lá de serviço no dia 31 de maio de 1971, no que foi considerado o maior flagelamento IN a Cuntima. As tropas do IN vieram mesmo ao arame farpado".



Guiné > Região do Oio > Setor de Farim > Cuntima > CART 3331 (1970/72) >"Cuntima: reservatórios de água, as duas professoras ao fundo e a casa do agente da PIDE/DGS" [Vd. fotos de 2016, do Patrício Ribeiro (*)]


Guiné > Região do Oio > Setor de Farim > Cuntima > CART 3331 (1970/72) > "Instalações civis ocupadas pela tropa".




Guiné > Região do Oio > Setor de Farim > Cuntima > CART 3331 (1970/72) > "Todas as manhãs,  bem cedo, Cuntima tinha visitantes do Senegal. Uns para fazerem comércio, outros para partir mantenhas com familiares e amigos e muitos outros para serem assistidos no Posto de Socorros pelo Médico e Enfermeiros da Companhia. Estas duas bajudas senegalesas prestaram-se para a fotografia,  à distância conveniente, da máquina e dos militares".



Guiné > Região do Oio > Setor de Farim > Cuntima > CART 3331 (1970/72) > "À hora do petisco"... [Outro camarada desta companhia, e que esteve também em Cuntima,  é o Gumerzindo Silva, ex-soldado condutor auto, hoje a viver na Alemanha]

Fotos e legendas: © Vitor Silva (2008). Todos os direitos reservados.


Vitor Silva, ex-1º cabo, membro da nossa
Tabanca Grande (desde 2007)
Breve historial da CART 3331 (Os Tigres de Cuntima, Cuntima, 1970/72):

(i) Mobilizada pelo RAP 2 (Vila Nova de Gaia);

(ii) chega à Guiné a 19 de dezembro de 1970;

(iii) no dia 21 de dezembro embarca na LDG Alfange com destino ao Centro de Instrução Militar de Bolama, para treino de adaptação ao mato e 2.ª parte da Instrução de Aperfeiçoamento Operacional (IAO);

(iv) a 25 de janeiro de 1971, de novo na Alfange, ruma para Farim onde chega no dia 28 de janeiro;

(v) em Farim participa em algumas ações no mato e na estrada Farim-Jumbembem;

(vi) a 20 de fevereiro, desloca-se em coluna auto, rumo a Cuntima, dependente do BCAÇ 2879, onde vai render a CCAÇ 14;

(vii) a ZA do subsector de Cuntima é extensa: delimitada a norte, numa extensão de aproximadamente 30 km, pela República do Senegal, a este pelo rio Corlá (Sare Dambé Badoral, Sitató, Sinchã Fogã e Sare Tombom), a oeste pela bolanha de Sinchã Massa e a sul pela bolanha de Sinchã Massa e bolanha do rio Norobanta e pelo marco 107;

(viii) na sua maioria a população é de etnia Fula, de religião muçulmana; havia uma pequena minoria Mandinga;

(ix) as acções do IN  irradiam sempre do Senegal, pelo tradicional corredor de Sitató;

(x) as acções contra as NT manifestam-se especialmente por ataques ou flagelações ao aquartelamento, implantação de minas na estrada Farim-Cuntima e, esporadicamente, às colunas de reabastecimentos;

(x) há duas unidades de quadrícula no sector, a CART 3331 e a CCAÇ 2547, ambas instaladas em Cuntima:

(xi) para além da ocupação e defesa do Sector, a sua missão principal é evitar a infiltração do IN para dentro do TO da Guiné;

(xii) a CART 3331 regressa, num avião dos TAM,  à Metrópole no dia 25 de novembro de 1972, com orgulho do dever cumprido;

(xiii) vai ter três comandantes: cap mil Art Manuel Sena Boleo, cap inf Mário José Fernandes Jorge Rodrigues, e cap mil art Armando Pimenta Cristóvão.
__________________

Nota do editor:

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Guiné 63/74 - P13794: Inquérito online: resultados finais (n=145): (i) o paludismo é doença que não se esquece; (ii) um em cada dois tê-lo-á apanhado; e (iii) um em cada três diz que tomava sempre ou quase sempre, todas as semanas, o comprimidinho, Pirimetamina, 25 mg, LM


Guiné > Zona Leste > Região de Bafatá > Contuboel > CCAÇ 2592/  CCAÇ 14  (Bolama, Contuboel, Aldeia Formosa, Cuntima, 1969/71) > Junho ou Julho de 1969 > O António Bartolomeu, fur mil, "recuperando de um ataque de paludismo, foi do caraças" (*)... Estivemos juntos, nessa altura, na formação das nossas companhias (ele, da CCAÇ 14, eu, da CCAÇ 12). Depois cada foi à sua sorte... (LG)

Foto: © António Bartolomeu (2007). Todos os direitos reservados.


A. Resultados finais da nossa sondagem sobre o paludismo (n=145) (**)

1. Não me lembro se tive paludismo > 3 (2%)

2. Não me lembro do medicamento para o paludismo > 9 (6%)

3. Sim, tive paludismo > 69 (47%)

4. Não, nunca tive paludismo > 30 (20%)

5. Não, nunca tomava o medicamento > 3 (2%)

6. Sim, tomava sempre (ou quase sempre) > 48 (33%)

7. Sim, tomava, mas só às vezes > 28 (19%)

8. Tomava o medicamento e tive o paludismo > 55 (37%)

9. Tomava o medicamento e nunca tive o paludismo > 22 (15%)

10. Nunca tomei o medicamento nem nunca tive paludismo > 11 (7%)

Votos apurados: 145
Encerramento: 23 out 2014,  21h45


Guiné  > Região de Tombali > Cantanhez > Cafal Balanta > O "resort" do Manuel Maia,  o poeta  que irá cantar, em sextilhas, tanto  o "seu" Portugal como a "sua" Guiné). (O Manuel Oliveira Maia é  autor de: (i) História de Portugal em Sextilhas, 2009; e (ii)  "Guiné que aprendemos a amar", 2013)

Foto: © Manuel Maia (2009). Todos os direitos reservados.

2.  Manuel Maia (ex-Fur Mil da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4610, 1972/4) andou por muito sítio palúdico ( Bissum Naga, Cafal Balanta e Cafine)  mas foi um dos 20% que nunca terá apanhado o  paludismo...

Recorde.-se, a propósito, as suas  quadras alusivas ao paludismo de que se livrou (***)

Do paludismo nem cheiro,
"capei" mosquitas da zona,
já o mosquito era porreiro,
não me deu cabo da mona...

Malária ou paludismo,
foi maleita que não tive,
por ter um bom organismo,
sempre o "plasmodium" contive...

À custa duns "largos jarros"
e pastilhas LM [, Laboratório Militar,],
cerveja, whisky e cigarros,
paludismo não se teme...

Milhões de vezes picado
nos "resorts" conhecidos,
avisei-os por recado
- Se me infectais estais perdidos !!!

No Cantanhez foi a sorte,
a livrar-me do descambo,
que à mosquitada deu morte,
herói AB [, Almeida Bruno],  nosso Rambo...

Como Caio, o "mata sete",
ganhara fama por lá...
mosquitos do jet set
não picavam nos de cá...

Assim graças ao acordo,
e a uns copos bem regados,
as picadas que recordo,
não trouxeram mais cuidados...

Por outro lado também,
proibida era a doença,
por lá médico "cá tem",
e só na guerra se pensa...

Maleita é mais na cidade
com hospital logo à mão,
mosquito é da urbanidade,
que lhe dá mais atenção...

Sobre a doença hei dito,
acreditem que é verdade,
a relação com mosquito,
quase digo que é saudade...

Manuel Maia


3.  Mais  alguns postes, antigos,  publicados sobre a experiência do paludismo (e a sua prevenção e tratamento) no TO da Guiné (lista meramente exemplificativa; há muitos mais...)

15 de maio 2013 > Guiné 63/74 - P11573: Em Mansoa, nem mezinha má nem picada de mosquito boa... Ou as nossas doenças em tempo de guerra (1): Um mosquiteiro barato para um pira (Magalhães Ribeiro)

(...) O velhinho e meu grande amigo Furriel Ranger Marques, com a sua calma e longa experiência de vinte e muitos meses, deu-me, então, uma lição sobre “Como dormir sem zumbidos nem picadas dos mosquitos na Guiné”, assim:

1º) Não se faz mal às osguinhas e salamandras que deslizam ali no tecto — estavam lá três de vários tamanhos —, apesar do seu aspecto repelente elas são nossas amigas, e ajudam-nos a eliminar os mosquitos que, à noite, abundam e atacam muito mais, comendo-os; (...)


12 de maio de 2013 > Guiné 63/74 - P11556: Estórias do Xitole (David Guimarães, ex-fur mil, CART 2716, 1970/72) (3): Era do caraças o paludismo

(...) E lá fui eu a tremer até ao Xitole, a bordo o de uma viatura... de Cavalaria, a autometralhadora Daimler do Vacas de Carvalho, comandante do Pel Rec Daimler... Esse mesmo, o da fotografia, espero que não tenha sido nesse dia mesmo que eu fiquei doente; julgo que na altura lhe agradeci a boleia, mas se o não fiz, devido ao estado febril em que eu me encontrava, ainda vou a tempo, trinta e seis anos depois:
- Obrigado, meu alferes! Foi a melhor boleia, a mais oportuna, a mais rápida, que eu apanhei na puta da vida! Mesmo à justa!... (...)


(...) Esta doença não demorou a entrar na [CCAÇ]  816 ou não começássemos logo a ser atacados pelo agente causador (o Anopheles) mal pusemos os pés na Guiné.  Pele branquinha e sangue fresco, bom pasto para aqueles sanguessugas. 

Os 13 primeiros dias em Brá (trampolim para o mato) foram dormidos sem mosquiteiros. Foi um tal atacar! O pessoal passava a vida a “tocar harpa”, como dizia o meu amigo Furriel Baião (já falecido) ao apontar um camarada a coçar-se desesperadamente com as unhas das mãos, logo ao limiar do dia. Afinal aprendemos todos a tocar harpa (uns mais desesperados que outros). A picada do mosquito, em alguns quase não se via sinais da dita, noutros era cada verdugo (!). (...)
________________

terça-feira, 9 de abril de 2013

Guiné 63/74 - P11365: Tabanca Grande (392): Camaradas da CCAÇ 14: António Bartolomeu (Contuboel, Aldeia Formosa e Cuntima, 1969/71) e Eduardo Estrela (Bolama e Cuntima, 1969/71)




Guiné > Região do Oio > Cuntima > Outubro de 1970, com a macaca Xica  ao colo

1. Mensagem de Eduardo Francisco da Cruz Estrela, nosso grã-tabanqueiro desde 29/2/2012 (*)

De: Eduardo Francisco da Cruz Estrela

Data: 19 de Fevereiro de 2013, 18:44

Luis!

Localizei a mensagem de 6 de Março de 2012, onde enviava as duas fotos que me tinhas pedido. Há momentos mandei uma e agora repito o envio de 2012, de modo a que publiques a outra fotografia.

Um abraço, 

Eduardo Estrela
(ex-Fur Mil da CCAÇ 14, Cuntima, 1969/71) (*)
___________

Eduardo Estrela Date: Tue, 6 Mar 2012 13:13:49 -0100
Luis!

Em anexo remeto duas fotos conforme pedido feito. Uma actual e outra tirada em Outubro de 1970 em Cuntima, tendo ao colo a Xica

Um grande abraço
Eduardo Estrela

__________________

2. Comentário de L.G.:

Camarada Eduardo, afinal  já tínhamos as fotos. A duplicação, às vezes, não tem mal. A tua mensagem acaba por ser um ensejo para a gente falar da nossa viagem comum (partimos de Lisboa, no mesmo dia, e no mesmo navio, as CCAÇ 2590, 2591 e 2592, independentes, que deram depois origem às CCAÇ 12, 13 e 14) e das nossas peripécias no CTIG. Mas também de amigos e camaradas comuns, como é o caso do Joaquim Fernandes. Afinal, contigo, tudo começou porque andavas à procura dele. Tinha  estado no CISMI, em Tavira, na mesma altura que tu... (e julgo que também na mesma altura em que eu lá estive, embora a minha especialidade fosse a de armas pesadas). Dei-te alguns contactos do Joaquim, mas não me chegaste a dizer se o encontraste depois disso.

Gostava, por outro lado, de te pedir mais fotos da tua passagem pela Guiné, por Bolama e por Cuntima, integrado na CCAÇ 14. Não me arranjas fotos tuas, com boa resolução e com as respetivas legendas ? Como sabes, eu tenho um especial carinho pelas companhias africanas. Das 3 companhias acima citadas, a tua é a que tem menos informação no nosso blogue. E representantes só tem dois, se não me engano: tu e o António Bartolomeu, que entrou para a Tabanca Grande, o nosso blogue, em 31/5/2007.

Aproveito para saudar os dois e pedir-lhes para nos arranjarem  mais rapaziada da CCAÇ 2592/ CCAÇ 14 para engrossar as nossas fileiras e alimentar este bicho "alarve e sedento" que o nosso blogue (**)... Olhem, era uma bela prenda de aniversário: vamos fazer 9 anos, no próximo dia 23 de abril... Penso que, tru, Estrela,  continuas a viver no Algarve, é isso ? E o Bartolomeu na Cova da Piedade, Almada. Um grande Alfa Bravo para os dois. Luís Graça.

PS - Podem ver, na página do Carlos Silva, Guerra na Guiné 63/74, informação mais completa e detalhada (e fotos diversas do pessoal) da vossa companhia, a CCAÇ 2592 / CCAÇ 12. [Há lá fotos cedidas pelo António Bartolomeu].

Guiné > Zona Leste > Contuboel > CCAÇ 2592/CCAÇ 14 (1969/71) > O Fur Mil António Bartolomeu, que esteve a dar instrução de especialidade a um pelotão de mandingas, na mesma altura (Junho/Julho de 1969) em que estávamos (a CCAÇ 2590) a formar a CCAÇ 12, uma das unidades da nova força africana.  Este pelotão, o 4º esteve depois em Aldeia Formosa, quarto meses, reunindo-se mais tarde à companhia, em Bolama,. e seguindo depois para  Cuntima. Viemos no mesmo, o Niassa, tendo partido de Lisboa em 24/5/1969.
Esta companhia tinha uma composição heterogénea: mandingas, manjacos e felupes, além de quadros  e especialistas metropolitanos. (LG)



Foto: © António Bartolomeu (2007). Todos os direitos reservados.
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Nota do editor:

(*) Vd. poste de 29 de fevereiro de 2012 Guiné 63/74 - P9548: Tabanca Grande (322): Eduardo Estrela, ex-Fur Mil da CCAÇ 14 (Cuntima, 1969/71)

(...) Sou o ex-Fur Mil Eduardo Estrela e enquadrei o início da CCaç 14, originalmente CCaç 2592.
Embarcámos para a Guiné em 24 de maio de 1969 , no T/T Niassa, juntamente como outras companhias independentes como a 2590 e 2591 [, futuras CCAÇ 12 e 13], e depois de termos dado instrução aos militares africanos que compunham a Companhia (dado e recebido, pois muitos deles já tinham experiência de combate), partimos em 3 de novembro de 1969 para a zona operacional que nos tinha sido destinada, Cuntima, junto à linha de fronteira do Senegal.

Ainda em Bolama, onde a instrução foi dada e recebida e depois de uma operação mal programada para a zona de S. João, onde as CCaç 13 e CCaç 14 podiam ter sofrido sério revés, face ao local de desembarque escolhido, extremamente lodoso e onde vi camaradas atolados até à cintura, ainda em Bolama dizia, sofremos, à hora da saída da LDG, um ataque onde o PAIGC utilizou pela primeira vez foguetões terra-terra. Ninguém sabia que tipo de armamento o PAIGC utilizara e só em Bissau, no dia seguinte, nos foi comunicado o tipo de arma.

Em Cuntima, a actividade operacional era intensa pois estavam no mato permanentemente 2 ou mais grupos de combate, por períodos de 48 horas. A guarnição de Cuntima normalmente composta por 2 Companhias operacionais, Pelotão de Obuses e Pelotão de Milícias, para além das interdições ao corredor de Sitató, fazia picagens à estrada, escolta às colunas para Farim, segurança próxima e afastada ao aquartelamento e as operações militares que obrigavam a utilização de maiores meios.

Aquando do reordenamento de Cuntima, as colunas a Farim eram diárias e o desgaste físico e psíquico muito grande, pois volta não volta o PAIGC aparecia. O meu grupo de combate foi o primeiro a transitar para Farim, no início de dezembro de 1970 e não no fim de dezembro como já vi indicado, e durante um mês estivemos a reforçar a CCaç 2549 estacionada em Nema, a qual tinha estado anteriormente connosco em Cuntima.

Em Farim fazíamos interdição ao corredor de Lamel, numa época em que o PAIGC estava muito activo. De tal modo activo que entre o início de dezembro de 1970 e meados de janeiro de 1971, a guarnição do Batalhão 2879 sofreu na zona de Lamel 14 mortos, uns em combate e outros por acidente resultante de actividade operacional. Para além dos camaradas falecidos, também houve muitos feridos.

No final de 1970, o meu grupo de combate regressou a Cuntima e só no início de fevereiro de 1971 a CCAÇ 14 foi para Farim, tendo o meu grupo ficado em Cuntima para dar sobreposição à Cart 3331, até ao fim de fevereiro. (...)

(**) Último poste da série > 25 de março de 2013 >  Guiné 63/74 - P11312: Tabanca Grande (391): António Baldé, fula, natural de Contuboel, português, apicultor, pai do Umaro e da Alicinha, ex-1º cabo, CIM, Bolama (1966/69), Pel Caç Nat 57 (São João, 1969/70) e CART 11 (Paunca e Sinchã Queuto, 1970/71), grã-tabanqueiro nº 610

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Guiné 63/74 - P9456: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande (50): Em busca do Joaquim Fernandes (ex-Fur Mil, CCAÇ 2590 / CCAÇ 12, Bambadinca, 1969/71), meu camarada da recruta e da especialidade do CISMI, Tavira (Eduardo Estrela, ex-Fur Mil, CCAÇ 2592 / CCAÇ 14, Cuntima, 1969/71)


Guiné > Zona Leste > Sector de Farim > Cuntima > Destacamento de Cuntima > CCAÇ 14 > 1970 > 4º pelotão. O Fur Mil At Inf António Bartolomeu é 1º da direita.

Foto: © António Bartolomeu (2007) / BLogue luís Graça & Camaradas da Guine. Todos os direitos reservados.


1. Mensagem,de ontem, do nosso leitor (e camarada) Eduardo Francisco da Cruz Estrela, ex-Fur Mil da CCAÇ 14 (Cuntima, 1969/71) Amigo,  Companheiro e Camarada !

Preciso da tua ajuda!

Retirei do blogue o némero de telemóvel do Joaquim Fernandes [ ex-Fur Mil At Inf, CCAÇ 12, Contuboel e Bambadinca, 1969/71) e já fiz várias tentativas para o contactar,  mas todas elas resultaram infrutíferas.

Com ele fiz no CISMI [ Tavira,]a recruta e a especialidade, sempre no mesmo pelotão e convosco [ a malta da CCAÇ 2590 / CCAÇ 12,] embarquei a 24 de Maio de 1969 para a Guiné [, no N/M Niassa].

Agradeço o favor de me indicares a forma de contactar com o Joaquim Fernandes. Se for caso disso, informa-o que é o Estrela da 14, que quer falar com ele. A última vez que o vi, foi pouco depois do nosso regresso, aqui no Algarve,  na zona da Praia Verde.

Um grande abraço e um bem hajam pelo extraordinário trabalho que têm desenvolvido em prol da nossa memória colectiva.

Eduardo Estrela
Ex-Fur- Mil,
CCaç 14 (Cuntima, 1969/71)

2. Resposta de L.G.:

Eduardo: O Joaquim não aparece pelo blogue... Faz parte da nossa Tabanca Grande, vai aos encontros anuais da malta de Bambadinca (1968/71), vive no Barreiro, está bem de saúde... Não tenho o telemóvel dele, atual, mas tens aqui o mail dele... Eu mesmo dou-lhe conhecimento da tua tentativa de contacto.

Agradeço-te as referências elogiosas que fazes ao blogue. Gostaria de te ver integrado na nossa Tabanca Grande. Ficas, por isso, convidado a juntar-te à malta: só preciso de duas fotos e uma pequena apresentação tua  ("Sou o Eduardo Estrela, estive na CCAÇ 14, no sítio tal e tal...")...


Infelizmente temos poucas referências à tua CCAÇ 14... O único camarada que vos representa, aqui, é o António Bartolomeu, do 4º pelotão,  que esteve connosco em Contuboel, a dar instrução.

Um Alfa Bravo (ABraço)
do Luís Graça (Henriques)


3. Historial da CCAÇ 14 (elementos informativos, retirados - com a devida vénia - da página do Carlos Fortunato, ex-Fur Mil da CCAÇ 13 >  Guiné História):

"Companhia de Caçadores N.° 14

"A história da CCaç 13 e da CCaç 14 estão muito ligadas, ambas foram costiuidas em Portalegre na mesma data, e ambas seguiram para Bolama, para treinar os soldados africanos que iriam constituir as respectivas companhias.

"A CCaç 14, e tal como a CCaç 13, teve inicialmente outra identificação, neste caso a de CCaç 2592.

"Em Bolama a CCaç 13 treinou um pelotão de felupes, contudo acabou por ser a CCaç 14, que os integraram durante as suas primeiras operações, mas durante poucos meses, tendo estes seguido depois para Varela, como estava inicialmente planeado.

"O 4º pelotão foi inicialmente destacado para Aldeia Formosa, mas ao fim de poucos meses, juntou-se ao resto da companhia em Cuntima". (CF)
________________

Resumo Oficial da história da CCaç 14

Companhia de Caçadores n.° 2592
Identificação: CCaç 14
Cmdt: Cap Inf José Luís de Sousa Ferreira
Cap Inf José Augusto da Costa Abreu Dias
Cap QEO Humberto Trigo de Bordalo Xavier
Cap Inf José Clementino Pais
Cap Inf Mário José Fernandes Jorge Rodrigues
Cap Inf Vítor da Silva e Sousa
Alf Mil Inf Silvino Octávio Rosa Santos
Cap Art Vítor Manuel Barata

Início: 18Jan70 (por alteração da anterior designação de CCaç 2592). Extinção: 02Set74

Síntese da Actividade Operacional:

(i) Em 18Jan70, foi criada por alteração da sua designação anterior, integrando quadros e especialistas metropolitanos, e pessoal da Guiné, das etnias Mandinga e Manjaca,  e ainda um pelotão da etnia Felupe, que constituíam anteriormente a CCaç 2592;

(ii) Continuou instalada em Cuntima, nas funções de subunidade de intervenção e reserva do sector de Farim, com vista à actuação prioritária sobre a linha de infiltração de Sitató;:

(iii) Após ter deslocado um pelotão para Farim, a partir de finais de Dez70, foi transferida para Farim em 20Fev71, depois de ter sido substituída, por troca, pela CArt 3331;

(iv) Rendeu, na função de intervenção e reserva do sector, a CCaç 2533, com vista a realizar acções de contrapenetração no corredor de Lamel;

(v) Destacou ainda pelotões para reforço temporário de outras guarnições, nomeadamente de Binta, de 25Abr71 a 12Jun71, Jumbembém e Canjambari;

(vi) A partir de 10Fev73, mantendo no entanto a sede era Farim e continuando orientada para a sua anterior missão assumiu, cumulativamente, a responsabilidade do subsector de Saliquinhedim, para onde deslocou um pelotão;

(vii) Em 02Set74, foi desactivada e extinta.

Observações: Tem História da Unidade a partir de Jan72 (Caixa n.° 117 - 2.a Div/4.a Sec, AHM).

[Este texto foi retirado do livro Resenha histórico militar das Campanhas de África, 7º Volume, Fichas das Unidades, Tomo II - Guiné.] (CF)
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Nota do editor:

Último poste da série > 15 de janeiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9358: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande (49): O "anónimo" J.B. Marques que comunicou o falecimento de Daniel Matos (Hélder Sousa)

segunda-feira, 4 de junho de 2007

Guiné 63/74 - P1815: Álbum das Glórias (14): o 4º Pelotão da CCAÇ 14 em Aldeia Formosa e em Cuntima (António Bartolomeu)

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Guiné > Zona Leste > Sector de Farim > Cuntima > Destacamento de Cuntima > CCAÇ 14 > 1970 > 4º pelotão. O Fur Mil At Inf Bartolomeu é 1º da direita.

Foto alojada no álbum de Luís Graça > Guinea-Bissau: Colonial War. Copyright © 2003-2006 Photobucket Inc. All rights reserved.
Guiné > Região de Tombali > Aldeia Formosa > CCAÇ 14 (1969/71) > 1969 > O Fur Mil Bartolomeu junto ao Obus 14. O quartel e a povoação nunca foram atacados enquanto o Bartomoeu lá esteve. Respeito do PAIGC pelo Cherno Rachid ? (2).


Guiné > Região de Tombali > Aldeia Formosa > CCAÇ 14 (1969/71) > 1969 > Um grupo de furriéis na respectiva messe. O Bartolomeu está de camisa branca.


Fotos: © António Bartolomeu (2007). Direitos reservados.


Álbum das Glórias (3)... Fotos do ex-furriel Bartolomeu, da Companhia de Caçadores 2592 que deu origem à CCAÇ 14. Esta companhia independente veio, no Niassa, com a CCAÇ 2590/CCAÇ 12, foi para Bolama para formar a CCAÇ 14. O pelotão do Bartolomeu (o 4º) foi para Contuboel. Aí deu a instrução de especialidade a um pelotão de Mandingas, oriundos da zona de Nova Lamego (Junho/Julho de 1969).

O 4º Gr Comb da CCAÇ 2592/CCAÇ 14 foi depois para a Aldeia Formosa onde esteve 4 meses. A seguir, juntou-se ao grosso da companhia, aquartelada em Bolama. De Bolama, a CCAÇ 2592 CCAÇ 14 seguiu para o sector de Farim, destacamento de Cuntima, onde ficou como unidade de quadrícula até ao fim da comissão. Esta povoação ficava (e fica) a 1 Km da fronteira com o Senegal.

Em Cuntima "éramos um misto de guarda fiscal e de polícia de fronteiras... Por ali passava um dos corredores do Oio", diz o Bartolomeu.

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Notas de L.G.:

(1) Vd. post de e 2007 > Guiné 63/74 - P1803: Tabanca Grande (7): Saudades de Contuboel (António Bartolomeu, CCAÇ 2592 / CCAÇ 14)

(2) Sobre o Cherno Rachid, vd. posts de:
16 de Dezembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCCLXXVIII: Um conto de Natal (Artur Augusto Silva, 1962)

(...) Na povoação de Quebo, perdida no sertão da terra dos Fulas, o tubabo conversa com seu velho amigo, Tcherno Rachid, enquanto as pessoas graves da morança, sentadas em volta, ouvem as sábias palavras do Homem de Deus. Esse Homem de Deus é um Fula, nascido na região, mas cujos antepassados remotos vieram, há talvez três mil anos, das margens do Nilo. Mestre da Lei Corânica e filósofo, Tcherno Rachid ligou-se de amizade profunda com o tubabo - o branco - vai para quinze anos, quando este chegou à sua povoação e se lhe dirigiu em fula. O tubabo é também um filósofo que veio procurar em África aquela paz de consciência que o mundo europeu lhe não podia dar" (...)

15 de Junho de 2005 > Guiné 69/71 - LVII: O Cherno Rachid, de Aldeia Formosa (aliás, Quebo) (Luís Graça).

(3) Vd. último post desta série, Álbum das Górias > 22 de Maio de 2007 > Guiné 63/74 - P1778: Álbum das Glórias (13): O que custava mais eram os primeiros 21 meses (Humberto Reis / Luís Graça)

quinta-feira, 31 de maio de 2007

Guiné 63/74 - P1803: Tabanca Grande (9): António Bartolomeu, ex-Fur Mil da CCAÇ 2592 / CCAÇ 14 (Bolama, Contuboel, Aldeia Formosa, Cuntima, 1969/71)



Guiné > Zona Leste > Contuboel > CCAÇ 2592/CCAÇ 14 (1969/71) > O Fur Mil António Bartolomeu, que esteve a dar instrução de especialidade a um pelotão de mandingas, na mesma altura (Junho/Julho de 1969) em que estávamos a formar a CCAÇ 12, uma das unidades da nova força africana (1) (LG)

Foto: © António Bartolomeu (2007). Todos os direitos reservados.


1. Mensagem do António Bartolomeu, novo membro da nossa tertúlia

Caro Luís Graça (eu tratava-te por Henriques em Contuboel):

Fala o ex-furriel Bartolomeu, da Companhia de Caçadores 2592 que deu origem à CCAÇ 14.

A minha companhia foi para Bolama para formar a CCAÇ 14, só o meu pelotão é que foi par Contuboel na mesma LDG em que vocês [, CCAÇ 2590 / CCAÇ 12,] (2) foram até ao Xime, e depois em coluna Xime, Bambadinca, Bafatá e Contuboel. A CCAÇ 11 já estava em Contuboel (3).

Aí formámos um pelotão de Mandingas que eram da zona de Nova Lamego, durante 2 meses (Junho e Julho de 1969).



Guiné > Zona Leste > Contuboel > JUnho ou Julho de 1969 > "Junto á caserna dos furriéis, fazendo a higiene oral... O primeiro da esquerda sou eu, o Bartolomeu, com pessoal da CCAÇ 11. Lá atrás parece ser o Branquinho"...

Foto: © António Bartolomeu (2007). Todos os direitos reservados.


Depois vocês, [a CCAÇ 2590/CCAÇ 12,] foram para Bambadinca, a CCAÇ 11 para a zona de Nova Lamego (Buruntuma ou Piche, se não me engano) e o meu pelotão foi para a Aldeia Formosa 4 meses, depois regressámos à companhia, em Bolama.

De Bolama seguimos para o sector de Farim, destacamento de Cuntima até ao fim da comissão. Esta povoação ficava (e fica) a 1 Km da fronteira com o Senegal.


Lembras-te do ex-furriel Dores, o gajo das anedotas, que era do meu pelotão ? Era o máximo, nunca mais parava.

Eu tenho consultado o teu site desde o princípio, lembro-me da malta, dos ex-furriéis da tua companhia. Quando viemos da Guiné fui visitar o Marques (4), ao Anexo do Hospital da Estrela. Não estava bem, não, ainda bem que agora está catita.

Bem, não te chateio mais, vão aí umas fotos para avivares a memória.

Um grande abraço do amigo Bartolomeu.

Diz se recebeste bem as fotos.

2. Resposta do editor do blogue:

Bartolomeu:

Não imaginas a alegria que me dás, por te reencontrar, a ti e à malta da tua CCAÇ 2592, futura CCAÇ 14... Que saudades desses tempos de Contuboel, em que fomos dar instrução aos nossos queridos nharros que nem português falavam!…



Guiné > Zona Leste > Contuboel > CCAÇ 2590 / CCAÇ 14 > Junho ou Julho de 1969 > O Bartolomeu "recuperando de um ataque de paludismo, foi do caraças" (AB)...

Foto: © António Bartolomeu (2007). Todos os direitos reservados.

Foram os meus melhores momentos da Guiné, os únicos em que fiz Férias & Turismo, em que me esqueci que estava na guerra e vinha para fazer uma guerra… Contuboel representou para nós - creio que para nós todos - a maravilhada descoberta da África, d@ african@s, da Guiné, d@s fulas, d@s mandingas… Foi um tempo maravilhoso, intenso e veloz (5)… Depois fomos lançados às feras… Ainda em farda nº 3, tivemos o nosso baptismo de fogo em finais de Junho, em Madina Xaquili (6)…

As recordações são sempre (re)construções: pelo teu apelido, já não ia lá, mas ao ver a tua chapa, sem pêra, acendeu-se uma luzinha cá na minha base de dados… Do Dores e das suas anedotas, tenho uma vaga ideia, mas não estou a ver-lhe a cara

Quanto a ti, por que é que não apareceste mais cedo, meu malandro ? Até à data, fora o pessoal da minha CCAÇ 2590/CCAÇ 12 (o Levezinho, o Reis, o Marques, o Fernandes, o Sousa, o Martins, o Piça…), eu só tinha reencontrado o Renato Monteiro, da CCAÇ 11, mais antigo que nós em Contuboel (3)…

Tens uma foto dele, comigo, numa passeio, em canoa, pelo Rio Geba, no mesmo dia em que ele ia morrendo, depois de um mergulho, junto ao açude da ponte de madeira (que se ver ao fundo, na foto)… Ando em papos de aranha para descobrir quem nos tirou aquela mágica foto… De qualquer modo, lembras-te do Monteiro ? Talvez não, éramos os dois um bocado a puxar para o intelectual, sem desprimor…

Olha: vou de imediato patrocinar a tua entrada para a nossa tertúlia ou tabanca grande o teu nome vai aparecer na lista dos amigos e camaradas da Guiné (coluna do lado esquerdo do blogue)… As tuas fotos, em formato.bmp, chegaram bem, mas são pesadas, precisam de ser editadas… Não sei se terei tempo este fim de semana… Por ti e pela malta de Contuboel, farei um forcing… Diz-me só onde vives e o que fazes: pela foto actual, estás com óptimo aspecto… Manda-me também o teu contacto telefónico… Vou-te pôr também na nossa lista de e-mails… Fico à espera de estórias de Contuboel, essa terra maravilhosa sobre a qual temos falado tão pouco no nosso blogue (5)…

Um grande abraço do Henriques.

PS – Usa também os meus endereços de e-mail pessoais (casa e trabalho).

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Notas de L.G.:

(1) Vd. post de 2 de Abril de 2007 > Guiné 63/74 - P1640: A africanização da guerra (A. Marques Lopes)

CCAÇ 11

Foi contituída em Junho de 1972 (por alteração da designação da CART11). Foi extinta em Agosto de 1974. Era formada por quadros metropolitanos e pessoal natural da Guiné, de etnia fula. A CART 11 tinha sido formada em Janeiro de 1970 por alteração da designaçãoda CART 2479. Era composta por quadros metropolitanos e pessoal da Guiné de etnia fula.

CCAÇ 12

Alteração, em Junho de 1970, da designação da CCAÇ 2590 (que chegou à Guiné em finais de Maio de 1969, nio Niassa, juntamente om outras companhias independenets como CCAÇ 2591, do Carlos Fortunato, que irá dar origem à CCAÇ 13, e a CCAÇ 2592, do António Bartolomeu, futura CCAÇ 14. Foi extinta em Agosto de 1974. Era formada por quadros metropolitanos e pessoal natural da Guiné, de etnia fula, da zona leste (administração de Bafatá). A actual Região de Bafatá da Guiné-Bissau inclui toda a zona leste (Baftá e Gabu).

CCAÇ 14 

Constituída em Janeiro de 1970, por alteração da designação daCCAÇ 2592. Foi estinta em Setembro de 1974. Era formada por quadros metropolitanos e pessoal natural da Guiné, das etnias mandinga e manjaca, com um pelotão de etnia felupe.

(2) A CCAÇ 2590/CCAÇ 12 foi também formada em Contuboel, a nordeste de Bafatá. A recruta do pessoal africana doi dada pela CART 2479. A especialidade foi já dada pela CCAÇ 2590 (quadros metropolitanos). Esteve como unidade de intervenção na Zona Leste, no Sector L1, em Bambadinca (até 1973) e depois no Xime, até ao fim da guerra.

Há numerosíssimos posts, no nosso blogue, com referência a esta unidade, que esteve ao serviço do comando de três batalhões: BCAÇ 2851 (1968/70), BART 2917 (1970/72) e BART 3873 (1972/74). E já foram identificadas "três gerações" de quadros metropolitanos da CCAÇ 12 (1969/71, 1971/73, 1973/74).

(3) A CCAÇ 11 (recruta, instrução de especialidade e IAO) foi formada em Contuboel.

Sobre esta unidade formada a partir da CART 11/CART 2479, há já também diversos posts (uma parte dos quais da autoria do meu amigo Renato Monteiro):

23 de Junho de 2006 > Guiné 63/74 - P899: Diga se me ouve, escuto! (Renato Monteiro)

23 de Junho de 2006 > Guiné 63/74 - P898: Saudades do meu amigo Renato Monteiro (CART 2479/CART 11, Contuboel, Maio/Junho de 1969)

28 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P1001: Estórias de Contuboel (i): recepção dos instruendos (Renato Monteiro, CART 2479 / CART 11, 1969)

30 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P1005: Estórias de Contuboel (ii): segundo pelotão (Renato Monteiro, CART 2479 / CART 11, 1969)

1 de Agosto de 2006 > Guiné 63/74 - P1015: CART 2479, CART 11 e CCAÇ 11 (Zona Leste, Gabu, subsector de Paunca)

2 de Agosto de 2006 > Guiné 63/74 - P1017: Estórias de Contuboel (iii): Paraíso, roncos e anjinhos (Renato Monteiro, CART 2479 / CART 11, 1969)

4 de Agosto de 2006 > Guiné 63/74 - P1026: Estórias de Contuboel (iv): Idades sem lembrança (Renato Monteiro, CART 2479 / CART 11, 1969)

4 de Agosto de 2006 > Guiné 63/74 - P1027: Estórias de Contuboel (V): Bajudas ou a imitação do paraíso celestial (Renato Monteiro, CART 2479 / CART 11, 1969)
19 de Março de 2007 > Guiné 63/74 - P1612: Relembrando, com saudade, os nossos soldados fulas da CART 11 (Renato Monteiro / João Moleiro)

25 de Março de 2007 > Guiné 63/74 - P1625: José Casimiro Carvalho, dos Piratas de Guileje (CCAV 8350) aos Lacraus de Paunca (CCAÇ 11)

(4) Fur Mil At Inf António Marques, gravemente ferido numa mina anticarro, em 13 de Janeiro de 1971, já no final da comissão (Maio de 1969/Março de 1971). Teve uma longa convalescença no HMP (Estrela, Lisboa). Vd. posts de:

2 de Dezembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCCXXIX: E de súbito uma explosão (Luís Graça)

23 de Setembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCV: 1 morto e 6 feridos graves aos 20 meses (CCAÇ 12, Janeiro de 1971) (Luís Graça)

(5) Vd. post de 28 de Junho de 2005 > Guiné 63/74 - LXXXVI: No 'oásis de paz' de Contuboel (Junho de 1969) (Luís Graça)

(6) Vd. post de 29 de Junho de 2005 > Guiné 69/71 - LXXXVIII: O baptismo de fogo da CCAÇ 12, em farda nº 3, em Madina Xaquili (Julho de 1969) (Luís Graça)